Ah,
o Heavy Metal tradicional. Uma das expressões mais duradouras e poderosas da
história da música se mostra ainda muito forte no mundo e também aqui no
Brasil. O Bruxa Velha Zine teve a chance e a honra de entrevistar um dos
grandes representantes do estilo em toda a América Latina e que chamava a
atenção da equipe da velha feiticeira antes mesmo do zine ser fundado. Estamos
falando dos guerreiros impiedosos da Krull.
Passamos a palavra para o grande vocalista Luis Carlos Domingos.
Bruxa
Velha Zine: Saudações, Luis! Como vai? O Heavy Metal da Krull já tem mais de 20
anos e fica cada vez mais forte e vigoroso. Poderia falar sobre a trajetória do
grupo, como os contextos do início do grupo lá em 1998 e as formações?
Luis
– Saudações, pessoal do Bruxa Velha Zine!
Muito obrigado por conceder esse espaço para a gente estar mostrando o nosso
humilde trabalho de 21 anos. A banda foi formada em 1998 por mim e pelo Tony
Fernandes, que era o guitarrista da banda, falecido em outubro do ano passado
nos EUA em São Francisco, Califórnia, devido a um trágico acidente de carro,
uma grande lástima e perda pra gente. Então, de lá para cá tivemos diversas
formações. A trajetória do grupo é bem complexa, ampla. Passamos por muitas
dificuldades nesses 21 anos, muitas formações, muitos shows, levamos muitas
“pedradas”, mas como o Heavy Metal sempre sobreviveu a tantas coisas, tantos
modismos, tantas dificuldades, pelo espaço escasso que temos no Brasil, a gente
pôde dar a volta por cima e seguir nosso caminho apesar das dificuldades e das
barreiras que a vida e toda a mídia impôs contra a banda. Tivemos diversas
formações desde 98 quando começamos, eu, o Tony, o Eduardo Morais no baixo e o
Walter Alves na bateria, éramos um quarteto. Pudemos gravar depois de alguns
ensaios. Fizemos alguns shows esporádicos na região do interior de São Paulo,
nas cidades de Itu, Sorocaba, a 80 km da capital. A gente começou a compor as
primeiras músicas que fariam parte da demo-EP e então em 2003 entramos em
estúdio para gravá-la, intitulada “Warrior Angel”, com uma temática na mesma
linha que usamos até hoje, pagã, com contextos de batalhas medievais, épicas,
como sempre foi o forte da banda. Infelizmente não tivemos muito êxitos com as
formações, o line-up da banda, devido a alguns problemas pessoais de alguns
músicos, como a falta de comprometimento, mesmo falta de profissionalismo. Sei
que é chato e antiético dizer isso, mas no Brasil é muito difícil poder fazer
Heavy Metal, principalmente descolar músicos que se proponham a fazer esse tipo
de música que vai totalmente contra o mainstream que a mídia impõe. Mas ainda
há um público muito bom no Heavy Metal que se propõe a fazer esse trabalho no
Brasil. Tivemos dificuldades para estabilizar uma formação, e então em 2003
gravamos o 1º EP. Tinha um som meio diferente dos dias atuais, um vocal mais
limpo, linhas de guitarra mais melodiosas, um power metal melódico na linha das
bandas Helloween, Stratovarius, Angra, Viper com o Soldiers of Sunrise.
Tentamos fazer o primeiro EP nessa linha.
Em 2005 gravamos um novo EP
intitulado Promised Land, independentes ambos os EPs, que também seguem a mesma
temática e pegada, com os vocais limpos. No youtube, pra quem quiser procurar,
tem alguns sons lá. No início nos chamávamos Suprema. Após algumas formações,
em 2001, nos tornamos Eternal Fate, nome concretizado até 2015, onde alteramos
novamente o nome para Krull em respeito aos ex-integrantes que passaram pela
banda. Em 2010 gravamos um terceiro EP, o de maior sucesso na nossa história,
intitulado Metal Swords and Fire. Esse ep foi lançado de forma independente e
somente em 2014 conseguimos um relançamento pela gravadora italiana Heart of
Steel Records, de Lonigo, Vincenza. Eles apostaram nesse último EP e teve uma
ótima repercussão mundial e assinamos contrato em 2014. O EP foi lançado em
mais de 100 países mas apenas em forma digital, pra streaming, em plataformas
como spotify, deezer, amazon... conseguimos uma repercussão maior no exterior e
despertamos o interesse de algumas gravadoras de outros países, como a Alone
Records da Grécia (que inclusive lançou o Metaltex de Osasco, uma grande banda
e irmãos que sempre correram conosco) e diversas outras bandas. Ela nos
ofereceu uma proposta de relançar o EP em formato de CD e LP. Houve também a
gravadora Iron Shield do Thomas Dargel, Alemanha, que nos ofereceu uma proposta
melhor e maior. Demos então prioridade e assinamos contrato em 2016.
Bruxa
Velha Zine: Luis, a Krull possui uma discografia onde se destacam o EP Metal
Swords and Fire (2016) e o poderoso álbum The Black Coast (2018). Conte um
pouco sobre a importância desses registros para a história da Krull.
Luis
– Como Krull, possuímos o Metal Swords
and Fire, lançados pela Heart of Steel Records, e o the Black Coast lançado
pela Iron Shield Records. O primeiro foi lançado em 2010 ainda como Eternal
Fate e de forma independente, então houve poucas tiragens, não foi tão bem repercutido
aqui no Brasil por isso. A situação financeira muito difícil... a gente fez
mais para venda nos shows e algumas lojas parceiras aqui na região de Itu,
assim como São Paulo, Campinas, Sorocaba. Quando lançamos para download, houve
interesse da Heart of Steel Records, The Fox Steel Records na época, do Mirko
Galiazzo. Ele nos ofereceu um contrato para relançar o EP e isso aconteceu em
2014. Mas apenas em 2016 ficou visível para download em plataformas digitais
para mais de 100 países, já sob o nome da Krull. Houve uma repercussão muito
grande, chamou o interesse de outras gravadoras, como eu já disse: a Alone
Records, da Grécia e a Iron Shield Records. Também interessou a Skol Records do
Bart Gabriel, Polônia, e uma outra que não lembro. Escolhemos a Iron Shield
pela proposta ser melhor. Metal Swords and Fire é um divisor de águas, pois
além de vir com o nome Krull mundialmente, deixou de lado os vocais melódicos
dos dois primeiros EPs. Foi também a primeira vez que assinamos contrato com
uma gravadora do exterior. Além disso, também há uma temática que foca mais
sobre a época Hiboriana, nos contos do Robert Howard (criador do Conan, o
Bárbaro, Salomão Kane, Kull, o Conquistador). O som era mais vigoroso e mais
tradicional. Os drives de vocais, o rasgado na linha do Accept, do Udo
Dirkschneider e Grave Digger, Chris Boltendahl, um drive mais grave e rasgado.
É um disco que temos orgulho de ter feito.
Já o The Black Coast surgiu já com o contrato com a
Iron Shield. Eles queriam um full-lenght. O álbum é todo conceitual, baseado na
história Queen of the Black Coast, do Robert Howard (1929). Repaginamos a
história com nossas palavras e o álbum descreve as aventuras do rei Baltus. A
gente sabia que havia direitos autorais sobre essa obra, então resolvemos
privar e colocar nomes fictícios, que também existiam nos contos do Robert, que
retratavam a era hiboriana (de 10.000 a.C). Esse álbum consolidou nosso nome
aqui no Brasil e lá fora com ótimas críticas por parte da mídia especializada,
da Roadie Crew, da revista Valhalla, da Rock Brigade, e as de fora, como a
Burn! do Japão. A história do Rei Baltus, que governa sete reinos, permeia o
conceito: no início do disco ele conversa com a bruxa e ela retorna como já
tivessem se encontrado.
Criamos as vozes do rei e da Bruxa Taramis, que rapta o Crom, filho do Baltus, e o leva para a costa negra. O guerreiro tem de atravessar a Estígia, a Hercânia, todos os locais por onde o Conan passou com o exército para poder resgatar o filho e derrotar a Taramis, irmã da Salomé. Cada faixa trata sobre uma aventura do rei, sua devoção pelo aço e pelas espadas, os exércitos que ele compõe para resgatar o filho, os mortais que ajudam na batalha. As duas últimas músicas, Stand Fight to Kill e The Black Coast representam o final trágico da Bruxa, até há um grito quando ela morre (risos). Ele resgata o Crom mas morre nos braços do filho, que herda os reinos e continua o legado do pai. O disco foi lançado em CD e Vinil e distribuído em mais de 150 países pela Iron Shield, um grande feito e conquista para nós.
Criamos as vozes do rei e da Bruxa Taramis, que rapta o Crom, filho do Baltus, e o leva para a costa negra. O guerreiro tem de atravessar a Estígia, a Hercânia, todos os locais por onde o Conan passou com o exército para poder resgatar o filho e derrotar a Taramis, irmã da Salomé. Cada faixa trata sobre uma aventura do rei, sua devoção pelo aço e pelas espadas, os exércitos que ele compõe para resgatar o filho, os mortais que ajudam na batalha. As duas últimas músicas, Stand Fight to Kill e The Black Coast representam o final trágico da Bruxa, até há um grito quando ela morre (risos). Ele resgata o Crom mas morre nos braços do filho, que herda os reinos e continua o legado do pai. O disco foi lançado em CD e Vinil e distribuído em mais de 150 países pela Iron Shield, um grande feito e conquista para nós.
Bruxa
Velha Zine: Qual composição da Krull você indicaria para alguém que ainda não
teve contato com a tua música?
Luis – Bom,
eu indicaria duas músicas que retratam muito bem a banda: “Metal Swords and
Fire”, uma música bem legal, bem positiva, tem uma atmosfera densa e mórbida,
mas a letra se encaixa nas dificuldades do nosso dia a dia, o que ele fala na
batalha podemos retratar no dia-a-dia, quando acordamos e vamos trabalhar pra
trazer o pão pra casa, pra família e filhos, e apesar das dificuldades,
desemprego ou problemas como enfermidades ou perdas de entes queridos, qualquer
problema pessoal, familiar ou sentimental que estejamos passando, essa letra
retrata que somos capazes de sair disso, então é algo bonito, e indicaria essa
música. A outra é a “Stand Fight to Kill”, a penúltima do “The Black Coast”,
porque ela diz “Permaneça, fique e lute para matar”, ou seja, todos os dias nós
morremos, saímos de casa pra trabalhar, muita gente é assassinada, roubada,
boicotada, assaltada. Todos os dias temos dificuldades no transito, na vida
familiar, sentimental, na saúde, problemas socioeconômicos que vivemos no nosso
país e nas nossas vidas. Essa música diz que é possível romper essas barreiras,
que quando queremos muito algo somos capazes de chegar até lá. Poderia ser o
tema do álbum, mas tivemos de colocar outro título por se tratar da história do
Robert Howard. Mas se tivesse um outro nome seria “Stand Fight to Kill”. Se
erguer e lutar para matar. Todos os dias nós matamos muitas pessoas lá fora, a
gente mata vidas para trazer as coisas para casa, essa é a verdade. Muita gente
só pensa no próprio interesse, no próprio ego, então se você também não pensar
em você e na sua família, você fica para trás, porque o mais forte sempre se
sobressai, passa por cima, então por mais que sejamos fracos temos que transformar
e codificar essa fraqueza numa força maior que vem de dentro de nós, a
capacidade, a determinação, a perseverança de que nós conseguiremos coisas
melhores para as nossas vidas. A Stand Fight to Kill tem uma letra de
superação, positividade. Por mais que os tempos sejam difíceis, é possível
conseguir chegar até lá e ultrapassar os limites.
Bruxa
Velha Zine: O Heavy Metal tradicional nunca foi tão popular no cenário
underground brasileiro, onde na maioria das vezes bandas mais extremas se destacam.
Em 20 anos de carreira, o que te levou a nadar contra a maré e se manter fiel
ao estilo?
Luis
– Eu tô completando no dia 23 do próximo
mês 40 anos. Eu nasci em 1980, não fui adolescente nos anos 80 mas quando eu
tinha 7 ou 8 anos tava ouvindo Scorpions, Europe, Whitesnake, Iron Maiden, o
Seventh Son of a Seventh Son, de 88, então, sempre acompanhei o rock e o heavy
metal dos anos 80, sou um grande fã dessa época, nas roupas, nos cabelos,
filmes, até os desenhos, até hoje acompanho isso. Os dias de hoje pra mim são
inúteis, eu não acompanho nada do que aparece hoje, seja na música, nos filmes,
uma coisa ou outra a gente consegue digerir ou filtrar, mas são coisas que eu
não consigo aceitar para a minha pessoa, para a minha natureza. Então, estou preso
nos anos 80... embasado nisso, eu vi com o passar dos anos, final dos anos 80 e
início dos 90, o Sarcófago e muitas bandas de Death e Thrash Metal se
consolidaram na cena nacional, divulgando um som mais extremo. Mas tudo na vida
é passageiro – hoje ainda há bandas de Thrash e Death Metal se consolidando no
cenário e isso é muito bom para o Brasil, eleva o nome do país no Heavy Metal,
significa que aqui o Metal ainda não morreu como nos Estados Unidos, onde a
cena ficou bem fraca. Desde quando eu era adolescente eu sempre acreditei que o
Heavy Metal tradicional, o precursor e pai do Thrash, do Death, do Black Metal,
se sobressairia sobre todos esses estilos que foram criados depois.
Porque se você vir uma árvore genealógica do metal vai ver que a raiz está lá no Stoner, no Heavy Tradicional e cru que o Black Sabbath fez nos anos 70. Até no Helter Skelter dos Beatles em 69, já tava vindo algo pesado, maior, mais denso, coeso. Acredito muito que a forma que o Sabbath usou nos anos 70, bem crua, se sobressairia e daria frutos. Foi o que houve. Depois disso veio o progressivo, no final dos anos 70 e início dos anos 80 e o resto que todos conhecem, Thrash Metal, Power Metal, Death Metal, Black Metal, Doom, Gothic... mas o Heavy Metal se manteve firme. Sempre fui aficionado por isso até hoje. Ensino para os meus filhos que o que vem lá de trás é verdadeiro, meus pais me ensinaram isso com as coisas dos anos 60, 70, como Aretha Franklin, Billie Holliday, lances do Blues, Jazz, R&B. A música quando tem feeling e sentimento, nada vai contra isso. Respeito os outros estilos, amo Thrash Metal, gosto muito de Death Metal, ouço algumas bandas e ouvi muito na minha adolescência, até o Black Metal, ouvi muito. Tenho muitos amigos que participam de bandas. Eu acredito que o Metal é um só, como o Chuck Schuldiner disse: “Black Metal, Epic Metal, Thrash Metal, Power Metal, tirem a primeira palavra e vai sobrar uma só, Metal”. Isso é muito verdadeiro e o que me levou a ficar íntegro, obsoleto, coeso no HM tradicional é esse lance da NWOBHM, anos 80... foi isso que a Krull apostou e levamos até o fim.
Porque se você vir uma árvore genealógica do metal vai ver que a raiz está lá no Stoner, no Heavy Tradicional e cru que o Black Sabbath fez nos anos 70. Até no Helter Skelter dos Beatles em 69, já tava vindo algo pesado, maior, mais denso, coeso. Acredito muito que a forma que o Sabbath usou nos anos 70, bem crua, se sobressairia e daria frutos. Foi o que houve. Depois disso veio o progressivo, no final dos anos 70 e início dos anos 80 e o resto que todos conhecem, Thrash Metal, Power Metal, Death Metal, Black Metal, Doom, Gothic... mas o Heavy Metal se manteve firme. Sempre fui aficionado por isso até hoje. Ensino para os meus filhos que o que vem lá de trás é verdadeiro, meus pais me ensinaram isso com as coisas dos anos 60, 70, como Aretha Franklin, Billie Holliday, lances do Blues, Jazz, R&B. A música quando tem feeling e sentimento, nada vai contra isso. Respeito os outros estilos, amo Thrash Metal, gosto muito de Death Metal, ouço algumas bandas e ouvi muito na minha adolescência, até o Black Metal, ouvi muito. Tenho muitos amigos que participam de bandas. Eu acredito que o Metal é um só, como o Chuck Schuldiner disse: “Black Metal, Epic Metal, Thrash Metal, Power Metal, tirem a primeira palavra e vai sobrar uma só, Metal”. Isso é muito verdadeiro e o que me levou a ficar íntegro, obsoleto, coeso no HM tradicional é esse lance da NWOBHM, anos 80... foi isso que a Krull apostou e levamos até o fim.
Bruxa
Velha Zine: Falemos um pouco sobre o vindouro segundo álbum « Return of
the Witch ». Como está sendo o processo de gravação e composição?
Luis – O Return of the Witch é o sucessor do The
Black Coast, ainda está em processo de gravação das primeiras músicas. Estive
conversando com o Thomas, o Boss da Iron Shield, nosso manager, há duas semanas
atrás. Enviei um trecho de uma música e ele gostou muito. Ele traz uma
continuação da primeira história ; O Rei Baltus morre ao ser atingido por
uma flecha disparada por um dos espectros da bruxa e o Crom assume tudo. No
Return of the Witch retratamos a segunda parte dessa história. A Bruxa Taramis
não morre, ela retorna. Ela tem uma irmão gêmea chamada Salomé. O conceito é
baseado em outro conto de 1932 do mestre Robert Howard, publicado numa revista
antes dele cometer suicídio, chamado « A Witch Shall Reborn ». Para
não pôr o mesmo nome no álbum por direitos autorais, escolhemos The Return of
the Witch. O processo de gravação está sendo concluído. O processo de
composição, todas as faixas, todas as letras, todas as músicas fui eu quem
compus, tanto no primeiro como no segundo. A arte da capa está sendo finalizada
por um ilustrador renomado aqui do Brasil, que desenha HQs. Ele é do Rio Grande
do Sul e tá fazendo essa capa. A capa do primeiro álbum quem fez foi o Fabiano
Barbosa, da banda Battalion, de Santa Catarina, grande brother, acompanho muito
o trabalho dele. Posso adiantar que vai ser uma capa matadora nos moldes dos
gibis antigos do Conan dos anos 80. As músicas vão ser nos moldes do The Black
Coast mas com uma pegada mais Heavy Tradicional. O primeiro tem uma pegada de
batera mais acelerada, tem umas pitadas de Power. Agora vai ficar mais calcado
no Metal oitentista, que é a nossa pegada e a da gravadora... tenho certeza que
agradará muito os fãs e será um ótimo álbum.
Bruxa
Velha Zine: Krull chegou a conseguir o segundo lugar no Wacken Metal Battle Brasil,
em 2011. Um feito realmente admirável. Poderia nos falar algo sobre essa
experiência ?
Luis – Em 2010 a gente gravou o Metal Swords and
Fire de forma independente. Nos candidatamos para o Wacken Metal Battle Brasil
em 2011, organizado e realizado pela Roadie Crew, e quando enviamos nosso CD
para a revista, fomos escolhidos entre mais de 500 bandas de todo o Brasil para
fazer parte desse festival renomado. Caímos na seletiva de Campinas, então
pudemos disputar o festival com diversas bandas. O corpo de júri era o Ricardo
Batalha da Roadie Crew, os redatores e colunistas da revista, pessoas renomadas
no cenário. Obtivemos o segundo lugar no fest, perdendo apenas para uma banda
de Campinas de Thrash Metal chamada Kamala, grandes amigos nossos. Não sei se
estão em atividade, creio que sim, eles fizeram até uma tour. Ficamos em
segundo lugar graças ao Batalha, ao Vulcano da Hellish War, um grande amigo
meu. Até em 2012, quando o Roger Hammer deixou a Hellish War, eles me chamaram
pra cantar. Eu tava na banda Brave na época, de Power Metal. Me convidaram, eu
fiz um teste e fiquei em 2º lugar. Uma moça, que ganhou o 1º, fez um show e não
conseguia cantar porque estava acostumada com o ambiente de barzinhos. Ao
cantar heavy metal num festival grande ela estranhou, e eles foram atrás de
mim. Na segunda vez eu tinha acabado de gravar o « The Last Battle »,
com o Brave, e preferi ficar por lá mesmo por não terem chamado pela primeira
vez (risos). Não que eu fiquei chateado, mas desiludi daquilo. Mas até tem no
youtube uma música que gravei com eles para fazer o teste. O WMB abriu muitas
portas pra gente no Brasil, foi um grande feito e relembramos até hoje o cartaz
com o nome Eternal Fate, foi muito bacana fazer parte desse festival e dessa
história do Metal Nacional e paulista, uma experiência única e ímpar.
Bruxa
Velha Zine: Fale um pouco sobre os planos da Krull para 2020. Existe chance da
banda vir tocar no Nordeste, por exemplo? Ou fazer alguma gira pela Europa?
Luis – Os planos para 2020 são focar nas gravações
do novo álbum, que vai sair pela Iron Shield em mais de 150 países incluindo a
Ásia. No último disco fomos bem cotados no Japão, houve grandes críticas
construtivas e positivas inclusive na revista Burn !. Focaremos em lançar
o álbum e depois fazer uma mini-tour no Brasil, aqui em São Paulo, por cidades
do interior como Itapetininga, Sorocaba, Indaiatuba, Osasco, a gente tem
algumas propostas em Minas Gerais e no Paraná, alguns amigos nossos, e até no
Rio Grande do Sul com o Flávio Leviaethan, do Leviaethan, mais de 35 anos de
Thrash e Black Metal. Existem sim chances para tocarmos no nordeste, inclusive
tem uma agência de booking voltada para bandas de metal underground no Brasil
que enviou uma mensagem para fecharmos um contrato com eles : pagaremos um
valor e fecharemos uma tour no nordeste. Não recordo o nome, não sei se é
Restless Booking Agence ou algum outro. Mas seria uma grande honra, nunca
tocamos por aí e sabemos que tem gente que gosta do nosso trabalho, vira e mexe
recebemos mensagem de pessoas do Norte comprando Vinil, CD, nos dias de hoje e
ficamos bem felizes. Não são milhares, são algumas pessoas, mas a qualidade
vale mais que a quantidade pra nós. Isso é bacana, ficamos felizes por
admirarem nosso trabalho. Quanto a gira na Europa, desde 2012 recebemos uma
proposta, quando eu ainda estava na Brave, quando lançamos o « The Last
Battle ». Agora com o The Black Coast, estava programada uma turnê
europeia em 2019, organizada pela Iron Shield. Infelizmente com os incêndios
que houveram no hemisfério norte, fez um calor intenso, então muitos shows
foram cancelados. O Thomas enviou uma mensagem dizendo para esperarmos mais um
pouco para que pudessemos lançar o novo álbum ; uma vez que o anterior já
havia nos aberto portas, o próximo consolidaria nossa imagem ainda mais por lá.
Então em 2021, talvez haja uma grande possibilidade de uma turnê pela europa em
12 países junto com o Revenge, uma banda colombiana de Thrash Metal, no verão
europeu (nosso inverno), entre junho e julho, onde acontecem os melhores
festivais de metal.
Bruxa
Velha Zine: A Krull fez lançamentos em vinil e CD. Materiais belíssimos, devo
mencionar. Mas Luis, o que você pensa sobre a forma de consumir música
atualmente ? Acha que ainda é válido para uma banda iniciante investir em
materiais físicos ?
Luis – A gente
fez os lançamentos do The Black Coast em vinil, cd e streaming. Muito obrigado
pelos elogios, são realmente materiais muito bonitos! O que eu penso sobre a
forma de consumir música no cenário atual é que é algo bem difícil. Com todo
esse aparato da modernidade, da tecnologia de downloads e streaming, as
plataformas digirais que vieram para ajudar, mas ao mesmo tempo, como nós somos
amantes do material físico, parece que também para destruir. Tem muitas pessoas
que amam, outras que odeiam. Além de proporcionar uma « ajuda », parece
que veio pra boicotar o que é físico. Tudo vai do direcionamento, da visão.
Quando veio essas plataformas de streaming e download pra baixar música no
celular, notebook, fez com que as vendas caíssem, não só o CD mas
principalmente as de vinil, que tava bem escasso e agora voltou. Então para os
amantes do material físico é complexo. Acho que as grandes bandas no mundo
vivem mais dos downloads e dos shows do que dos materiais físicos propriamente
ditos, vendas de CDs. Tenho alguns amigos que têm loja no interior de São Paulo
e eles me disseram que numa porcentagem, numa escala de 0 à 100 de vendagem de
discos físicos, tudo caiu muito de 5 anos pra cá devido aos downloads. Os
jovens hoje, ao invés de adquirirem o material de uma banda que ele gosta ou
que quer conhecer, ele prefere entrar pela plataforma digital e baixar, pagar
algum valor pelo cartão de crédito, paypal, seja lá o que for, e ter no
celular, no notebook, ao invés de ir na loja e comprar o CD. Mas ainda há os
« trues » que gostam de ter o material físico. Somos testemunhas,
pois gostamos disso. É interessante ter a música baixada no celular mas nada
melhor do o físico. Você ter o encarte, as fotos, o trabalho bonito, decorado,
em acrílico ou digipak, conhecer as músicas e depois ir num show da banda,
cantar junto, conhecer o grupo pessoalmente, isso é maravilhoso.
O digital não paga isso. Vejo um cenário musical muito escasso na forma de consumir as músicas. Não sei se é tão válido hoje uma banda iniciante investir em materiais físicos. Tenho alguns amigos de Sorocaba que eu consegui ajudar as bandas a partir de uma mini-agência que eu criei, a Still Metal Press, e os coloquei lá na Heart of Steel Records do Mirko, tenho uma parceria com ele pra que ele lance esses albuns digitalmente à nivel mundial. Já passamos por essa fase e nada melhor do que ajudar os amigos que estão iniciando a colocar os discos deles em voga. É uma forma de iniciar, também fomos assim, lançando independente, depois assinamos com uma gravadora que só lançava no formato digital e isso despertou o interesse das gravadoras físicas e aí abriu outras portas lá fora. Tudo são degraus na vida, pra alçar voos mais altos temos que subir um degrau de cada vez. A gente na Still Metal-Press, essa pequena agência que eu tenho, só digital no facebook, eu ajudo algumas bandas e músicas a subir esses degraus e alavancar um pouco a carreira, conseguindo assinar com essa gravadora italiana. Deixo até um convite pra quem tiver uma banda de Metal, Hard Rock a entrar em contato conosco, a gente tem essa parceria com a Heart of Steel que lança apenas o material digital. Enfim, acho que é um grande início pra uma banda investir num material de streaming, porque tentar lançar o material físico em primeiro lugar não sei se é uma boa... a não ser que se lance independente, porque tem gente que vai aceitar, que gosta. Mas tentar um selo de início é meio complicado.
O digital não paga isso. Vejo um cenário musical muito escasso na forma de consumir as músicas. Não sei se é tão válido hoje uma banda iniciante investir em materiais físicos. Tenho alguns amigos de Sorocaba que eu consegui ajudar as bandas a partir de uma mini-agência que eu criei, a Still Metal Press, e os coloquei lá na Heart of Steel Records do Mirko, tenho uma parceria com ele pra que ele lance esses albuns digitalmente à nivel mundial. Já passamos por essa fase e nada melhor do que ajudar os amigos que estão iniciando a colocar os discos deles em voga. É uma forma de iniciar, também fomos assim, lançando independente, depois assinamos com uma gravadora que só lançava no formato digital e isso despertou o interesse das gravadoras físicas e aí abriu outras portas lá fora. Tudo são degraus na vida, pra alçar voos mais altos temos que subir um degrau de cada vez. A gente na Still Metal-Press, essa pequena agência que eu tenho, só digital no facebook, eu ajudo algumas bandas e músicas a subir esses degraus e alavancar um pouco a carreira, conseguindo assinar com essa gravadora italiana. Deixo até um convite pra quem tiver uma banda de Metal, Hard Rock a entrar em contato conosco, a gente tem essa parceria com a Heart of Steel que lança apenas o material digital. Enfim, acho que é um grande início pra uma banda investir num material de streaming, porque tentar lançar o material físico em primeiro lugar não sei se é uma boa... a não ser que se lance independente, porque tem gente que vai aceitar, que gosta. Mas tentar um selo de início é meio complicado.
Bruxa
Velha Zine: A entrevista está chegando ao fim. Luis, foi uma honra tê-lo
conosco em nossa primeira edição ! Sinta-se a vontade para falar o que
quiser aos leitores, ou ainda comentar algo que deseje sobre a Krull.
Luis – Primeiramente, muito obrigado pela entrevista, nós da Krull
agradecemos muito o espaço que vocês cederam para mostrar o nosso humilde e
único trabalho, agradecemos de coração a todos os irmãos que acompanham o Bruxa
Velha Zine. Sei que é a primeira edição e tenho certeza que será um sucesso,
será muito bacana. Sentimos muito orgulho e ficamos honrados em saber que vamos
participar disso, pois tenho certeza que ainda haverá mais números. Ficamos
muito honrados em saber que grandes guerreiros como vocês estão apostando numa
nova iniciativa para dar identidade e abrir portas para bandas iniciantes ou
bandas que estão na metade do caminho, sem perder o contexto e essa magia dos
anos 80 e 90, onde o pessoal transcrevia todas as entrevistas por carta, por
correspondência, manualmente ou até em máquina de escrever, isso é muito legal,
poder tomar essa iniciativa de abrir as portas para bandas independentes sejam
daqui ou lá de fora, resgatar essa essência, essa magia de antigamente, muito
difícil alguém que possa apostar e se dedicar ao tempo em poder fazer isso,
vocês são guerreiros pois são poucos que tem a coragem e a bravura de fazer o
que vocês se propõe. Uma honra pra todos nós aqui. Mais uma vez obrigado pelo
espaço cedido, obrigado a todos os leitores que acompanham o trabalho do Bruxa
Velha, quem quiser conhecer mais sobre a Krull, temos o facebook, só digitar
tudo maiúsculo e vai achar a página da banda, no youtube o canal e tem o meu
perfil pessoal, Luis Carlos Domingo. Obrigado a todos que acompanham o trabalho
da Krull e do Bruxa Velha Zine ! Em breve poderemos estar fazendo uma tour
e nos conhecendo pessoalmente. Grande abraço a todos e stay Metal !!
KRULL
É :
Jica
Pelegrino - Guitarra
Cido
Barbosa - Guitarra
Guilherme
Heman - Baixo
Alexandre
Bury - Bateria
Luis
Domingos - Vocal
Contato :
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Instagram : @krull.official
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