domingo, 15 de março de 2020

WITHIN THE FALL - ENTREVISTA FEVEREIRO DE 2020



Algumas bandas parecem dialogar com os fãs profundamente em cada letra, em cada melodia, em cada harmonia e em cada arranjo que compõem. E sejamos justos – nada melhor que encontrar uma banda cuja sonoridade é exatamente aquilo que se busca apreciar. Assim como o Soliloquium, a Within the Fall também é vinda da Suécia, com membros de Estocolmo e Karlstad, e é uma dessas bandas que possuem uma proposta perfeita para todos os fãs de música extrema, lenta e melancólica. Seus lançamentos são de uma qualidade ímpar e vem obtendo destaques na cena underground internacional desde o lançamento do magnífico e glacial Where Sorrow Grows, em 2015. Demos a palavra a David Andersson, guitarrista do grupo, que respondeu a entrevista em tempo recorde: apenas 30 minutos após ser enviada!

Bruxa Velha Zine: Saudações do terceiro mundo! É uma honra entrevistar a Within the Fall aqui no Bruxa Velha Zine. Bem, David, nos fale um pouco sobre sua história. Quais os contextos que influenciaram a formação da banda e por que vocês escolheram tocar Doom Metal?

David – Olá, David aqui, obrigado por entrar em contato conosco! Within the Fall começou como um projeto de estúdio em 2010 fundado por Mike e Joakim, que surgiram com a ideia de iniciar uma banda de Doom Metal. A razão pela qual nós escolhemos o Doom Metal como gênero foi por causa que queríamos basicamente tentar algo novo. Nessa época, eu e Mike estávamos tocando numa banda de Death Metal (Beyond the Gate) em Karlstad e o Joakim tocava na banda de Death Metal Desolator, que ainda está ativa, em Estocolmo. A Within the Fall nasceu desde que todos nós buscamos nos aventurar no mundo do Doom Metal.



Bruxa Velha Zine: “Where Sorrow Grows” foi lançado em 2015 e “Beyond the Gate” dois anos depois. Para nós, esses álbuns são verdadeiras obras de arte. Como foi a recepção desses trabalhos pelos Headbangers ao redor do mundo?

David – Muito obrigado! Ficamos realmente felizes que vocês gostem tanto desses álbuns. “Where Sorrow Grows” foi o álbum que nos deu um pouco dos holofotes na cena Doom aqui na Europa, então esse álbum é extra especial para nós. Contudo, somos uma pequena banda vinda da Suécia e nossos contatos ao redor do mundo não é enorme de forma alguma. Todos os nossos lançamentos foram muito bem recebidos pelas pessoas que escutam nossas músicas, e parece que continuamos a atrair mais e mais fãs. A gente realmente aprecia cada um de vocês; isso faz com que o trabalho duro que a gente insere em nossas músicas valha a pena!

Bruxa Velha Zine: Fale um pouco sobre como funciona o processo de composição na Within the Fall. Como vocês trabalham costumeiramente as letras, os arranjos?

David – Nosso fluxo de trabalho geralmente funciona assim: Mike escreve todas as letras, e depois ele e eu compomos as estruturas básicas para a música. Depois disso, o resto da banda entra em sintonia com as ideias que eles introduzem. Todos são bem-vindos para contribuir, e nós tentamos considerar as ideias de todos para criar as músicas da melhor e mais humana forma possível. Se houver alguma incerteza em relação a alguma música, a gente normalmente tenta retrabalha-la, e se ainda assim não estivermos satisfeitos com isso, provavelmente esse material nunca será gravado. Há algumas músicas nesses dez anos de jornada como banda que nunca verão a luz do dia por esses motivos. Podem não se tratar necessariamente de músicas ruins, mas nossas determinações apontaram que elas não valem a pena.

Bruxa Velha Zine: Aqui no Brasil há uma grande controvérsia sobre o lançamento de músicas unicamente em plataformas digitais. Alguns metalheads acusam algumas bandas de não darem prioridade aos materiais físicos. Então, qual é a sua opinião sobre os modos de consumação musical hoje em dia? Você pensa que ainda é válido para bandas de Metal investir em CDs, K7s ou vinis?

David – Sendo nós mesmos old school headbangers, a gente entende totalmente essas pessoas que querem materiais físicos. Contudo, somos uma banda independente, e tudo o que fazemos na Within the Fall vem diretamente dos nossos bolsos. Para nós, as plataformas digitais são a melhor maneira de espalhar nossas músicas para tantas pessoas quanto possível, então é por isso que escolhemos esse caminho. Plataformas digitais são o futuro, e isso está rapidamente se tornando a indústria padrão, e essa também é a maneira com que a maioria das pessoas consome música hoje em dia. Como músicos, tentamos bastante acompanhar essa indústria. Se não fosse pela internet, nós provavelmente não teríamos os contatos e nem o alcance que nós temos hoje. É uma questão de oferta e demanda; se você tem uma base de fãs larga que deseja lançamentos físicos é válido prensar CDs e vinis, mas no nosso ponto de vista, nós só queremos que nossa música esteja disponível para tantas pessoas quanto for possível. Mas nós definitivamente estamos planejando mais materiais físicos no futuro.



Bruxa Velha Zine: Apesar dos lançamentos da Within the Fall serem realmente excelentes, eles não são ainda muito bem conhecidos pelo público brasileiro. Qual composição da Within the Fall você recomendaria para um Metalhead interessado em conhecer sua história e música?

David – Uau, essa é difícil (risos). Provavelmente Where Sorrow Grows ou Beyond the Gate. Chequem as faixas títulos desses dois lançamentos, porque ambas indicam bastante a ideia que estamos tentando alcançar enquanto banda. Acreditamos que esses dois álbuns descrevem melhor o que é a Within the Fall agora. Isso depende do que se está procurando também, pois nossos materiais mais antigos definitivamente se inclinam mais para o lado “Doom” das coisas, enquanto nosso material mais recente é um pouco mais otimista, mais pra cima; compare Shadows & Dust (do EP Through the Shadows) com o nosso último single, Night of Ebon, por exemplo. 

Bruxa Velha Zine : Uma questão muito pessoal que gostaríamos de fazer é sobre a arte de capa do "Where Sorrow Grows". Ela tem uma beleza tão singular! Escutando as músicas e observando a ilustração, a atmosfera se torna ainda mais melancólica. Quem a desenhou? Vai haver mais capas desse mesmo estilo nos próximos lançamentos?

David – A arte de capa de Where Sorrow Grows foi desenhada pela nossa talentosa amiga Maria Marx, que é uma artista gráfica. Ela também fez as artes de capa para Through the Shadows e Beyond the Gate, assim como o nosso logo atual. Talvez a gente faça algo similar à capa do Where Sorrow Grows no futuro, mas nunca se sabe. A arte de capa deve sempre ser única como as músicas, na nossa opinião. Ficamos realmente felizes que você tenha gostado dela; pessoalmente, é a nossa favorita também!



Bruxa Velha Zine: Aqui no Brasil, as bandas suecas de Metal são realmente respeitadas – mas eu gostaria de saber se vocês escutam alguma banda brasileira de Metal e se serviu de influência para a música da Within the Fall.

David – Para ser honesto, nós não temos muito conhecimento da cena brasileira de Metal além do Sepultura. Por isso, não tem sido uma grande influência em nossa música. Mas nós amamos música e nós estamos definitivamente interessados em checar mais bandas vindas do Brasil!

Bruxa Velha Zine : Quais são os planos para a Within the Fall em 2020? Há alguma chance de haver seus álbuns distribuídos aqui no Brasil no futuro?

David - Atualmente estamos em processo de gravação do nosso novo álbum, Navigator, então nosso foco principal está nisso. A maior parte do álbum foi gravada, e temos esperança em lança-lo ainda este ano. Nós estamos discutindo sobre materiais físicos e se devemos fazê-los, e claro, eles estarão disponíveis para compra mundialmente. Quanto aos nossos materiais antigos, podemos ter alguns planos para eles também, mas nos resta ver.

Bruxa Velha Zine : Nomeie os cinco álbuns de Metal que mais influenciaram a música da Within the Fall, se isso for possível.

David – É difícil escolher apenas cinco, mas esses aqui foram todos álbuns importantes para nós:
Agalloch - Ashes Against the Grain;
Opeth - Blackwater Park;
Katatonia - Brave Murder Day;
Ahab - The Call of the Wretched Sea;
Novembers Doom - The Novella Reservoir.

Bruxa Velha Zine : A entrevista está chegando ao fim! Obrigado, David, pela sua gentileza e atenção! Se sinta livre para fazer um comentário para os leitores ou ainda dizer algo que deseje sobre a Within the Fall.

David – Muito obrigado! Foi uma honra fazer essa entrevista. Fiquem ligados no nosso novo álbum e nossos cumprimentos a todos os nossos fãs no Brasil e na América do Sul. Amamos todos vocês! 








WITHIN THE FALL É :

Joakim Rudemir: Vocais
David Andersson: Guitarras, vocais adicionais;
Mike Wennerstrand: Guitarras, vocais adicionais;
Markus Norlén: Bateria
Henrik Ekholm: Baixo, vocais adicionais.

Contatos:

Instagram: @withinthefallofficial

Facebook : https://www.facebook.com/WithinTheFall

Bandcamp: https://withinthefall.bandcamp.com/

Spotify: https://open.spotify.com/artist/4kKRAfaZ5KxZU9T2PnLLt9?si=0aLZVzh2Tpq8JNz504WXzQ


Youtube: https://www.youtube.com/user/WithinTheFall

SOLILOQUIUM - ENTREVISTA JANEIRO DE 2020






A Suécia é um dos celeiros absolutos de bandas de Metal (de todos os gêneros). O lançamento de qualquer banda vinda de lá é sempre visto com bons olhos pelos headbangers de todas as partes do mundo – perderíamos as contas se enumerássemos os álbuns de boa qualidade que foram lançados originalmente por grupos dessa localidade. Mas se há algo em que o país vem se destacando atualmente é na revelação de bandas de Doom Metal – a melancolia vinda da frieza e a força por trás de uma cena bem consolidada vem fazendo a diferença. É nesse contexto que a Soliloquium surge – um duo altamente inspirado que pratica um Melodic Death/Doom com muitas influencias de post-rock e shoegaze, bastante respeitados no Velho Mundo mais ainda pouco conhecidos em países tropicais como o Brasil. O Bruxa Velha Zine tem a honra de dá-los as devidas boas-vindas para um público sedento por música sombria e melancólica.


Bruxa Velha Zine: Olá, Stefan! É uma honra entrevista-lo aqui no Bruxa Velha Zine. Fale um pouco sobre o início do Soliloquium. O público brasileiro ainda não tem muito contato com a tua história, então, quais contextos fizeram com que você desejasse tocar Doom Metal?

Stefan – Olá! Estou muito agradecido pelo teu interesse na Soliloquium, sempre legal ser entrevistado. Tudo começou como um projeto paralelo enquanto eu tocava no meu grupo de Death Metal Desolator. Eu fiz duas músicas apenas para experimentar nesse estilo, o Doom Metal. Essas músicas se tornaram o primeiro EP “When Silence Grows Venomous” (2012). No começo eu acho que apenas quis tentar fazer algo no estilo Death/Doom, desde que ouvi bastante bandas como Daylight Dies, October Tide, Katatonia dos velhos tempos e Rapture. Eu admiro esse estilo musical bastante e Soliloquium se tornou melhor do que o esperado. Os primeiros dois EPs são bem similares à bandas já famosas de Death/Doom. Hoje nós tentamos fazer uma música mais única, com um mix de influências como shoegaze, blackgaze, post-rock e música progressiva. 

Bruxa Velha Zine: "Contemplations" (2018) é o segundo álbum do Soliloquium e a evolução musical desde "An Empty Frame" (2016) é notória. Como tem sido a recepção desse trabalho ao redor do mundo? Há planos para distribuí-lo no Brasil?

Stefan – Ambos os álbuns foram recebidos muito bem. Os fãs de Doom Metal são tão apaixonados, e eu não consigo acreditar em algumas das coisas que eles comentam sobre essas músicas. O problema é que é um estilo de música limitada. É difícil encontrar sucesso em termos de popularidade, embora eu definitivamente tenha visto um sério crescimento desde que lançamos “Contemplations”. Os fãs que já conheciam Soliloquium parecem preferir “An Empty Frame” ao “Contemplations”. Infelizmente, eu não acho que vamos ter uma distribuição no Brasil. A opção vai ser solicitar o álbum pelo Facebook ou Bandcamp da Soliloquium, ou ainda pelo nosso selo (Nota: Transcendig Obscurity Records). Eu vou fazer o meu melhor para que o próximo álbum esteja o mais disponível possível para os fãs ao redor do mundo. 



Bruxa Velha Zine: Como funciona o processo de composição lírica/instrumental do Soliloquium? Como você e o Jonas buscam por inspiração?

Stefan – Isso pode ser bem díspar... costumeiramente, eu escrevo os instrumentais em casa e escrevo as letras depois. Às vezes eu invento melodias líricas antes e o tema depois. Eu coloco tudo o que tenho no Guitar Pro Tabs e no Digital Home Recordings para encontrar a quantidade certa de camadas instrumentais. Algumas músicas e riffs são rearranjadas ou descartadas no processo. Jonas costumeiramente se envolve depois que os sons estão escritos. A gente co-escreve as músicas para a Desolator, também.

Os temas para a Soliloquium tem se tornado mais e mais pessoais para mim. Muito dos novos materiais são sobre o declínio da humanidade e da sociedade, particularmente as crises de saúde mental e a exploração humana na sociedade moderna. Vivemos em tempos obscuros, então é honestamente muito fácil encontrar inspiração para a Soliloquium. Eu ponho muito das minhas próprias experiências lá. Depois de Contemplations, algumas pessoas me procuraram nas redes sociais para falar sobre os tópicos da saúde mental, então, estou bem feliz de criar esse tipo de impacto. Tem sido muito bom para a minha perspectiva, e tenho esperança de que também seja para as pessoas que me procuraram.

Bruxa Velha Zine: Stefan, fale-nos um pouco sobre a consumação musical nos dias de hoje. Aqui no Brasil há uma grande controvérsia sobre compartilhar música em plataformas de streaming e não dar prioridade ao lançamento de CDs e materiais físicos. Você acha que ainda é válido para uma banda iniciante lançar álbuns físicos ao invés de apenas colocar as músicas na internet?

Stefan – Eu escuto todas as minhas músicas digitalmente, mas eu ainda acredito que os CDs tenham sua parte. O pouco de dinheiro que eu faço com a Soliloquium é através dos downloads no Bandcamp e os CDs físicos. O Spotify nem se compara. Metal é um gênero underground e a maioria dos fãs compram muito merchandise. Eu acho que muitos fãs compram CDs para apoiar, mesmo se eles apenas escutam tudo pelas plataformas digitais. Então, eu digo sim. Bandas deveriam definitivamente lançar álbuns físicos. E não esqueçam dos outros merchandises, também!




Bruxa Velha Zine: Voltando a falar sobre Soliloquium, há alguma composição que você gostaria de recomendar a algum fã de Metal brasileiro interessado em conhecer a sua música ?
Stefan – A música « Catharsis » do nosso último álbum Contemplations é um bom início. É uma música muito imediata e intuitiva para a Soliloquium, e mostra bastante das nossas influências e sobre o quê a nossa música é.

Bruxa Velha Zine: Várias bandas suecas são apreciadas pelos Metalheads brasileiros. Grupos como Entombed, Opeth, Dismember ou In Flames são realmente populares aqui. Me diga, você conhece ou escuta algum grupo brasileiro de metal?

Stefan – Claro ! Eu encontrei uma banda de Progressive Death/Doom realmente muito boa chamada Loneshore, que eu escutei bastante. O debut deles, « From Presence to Silence » é matador e altamente recomendado. Mythological Cold Towers é outra banda de Doom Metal de qualidade do Brasil que eu gosto. E, é claro, você não pode esquecer dos quatro primeiros álbuns do Sepultura.

Bruxa Velha Zine: Quais são os seus planos para 2020 ? Vai haver outro lançamento do Soliloquium ou você irá trabalhar em algum outro projeto ?

Stefan – Oh, eu tenho muita música pra ser lançada em 2020. Haverá um novo álbum do Soliloquium a ser anunciado em breve. Desolator também tem um novo full-lenght para ser lançado. Eu também estou cantando em um projeto português de Doom Metal chamado « Ashes of Life » (o debut « Seasons Within » será lançado no início de 2020). Além disso, também pode haver album material de « Trees of Daymare », uma banda de Melodic Death Metal de Bangladesh em que eu tenho cantado. Então, sim... esse vai ser um ano ocupado !

Bruxa Velha Zine: A entrevista está chegando ao fim. Muito obrigado pela sua gentileza, Stefan ! Se sinta livre para fazer um comentário aos leitores, ou ainda dizer algo que deseje sobre a Soliloquium.
Stefan – Muito obrigado pela oportunidade e pelo interesse ! Eu gostaria de pedir aos seus leitores para apoiar a Soliloquium nos seguindo no facebook e no Bancamp, e também dar uma acessada no meu site de metal (https://deathdoom.com). Todo tipo de apoio será apreciado! Nós somos ainda uma pequena banda underground, então, ser apresentado dessa forma na América do Sul dessa forma é realmente legal para nós. 


SOLILOQUIUM É :

Stefan Nordström : Vocais e Guitarras

Jonas Bergkvist : Baixo

Contatos : 

https://www.facebook.com/SoliloquiumBand/


https://soliloquium.bandcamp.com/