domingo, 15 de março de 2020

SOLILOQUIUM - ENTREVISTA JANEIRO DE 2020






A Suécia é um dos celeiros absolutos de bandas de Metal (de todos os gêneros). O lançamento de qualquer banda vinda de lá é sempre visto com bons olhos pelos headbangers de todas as partes do mundo – perderíamos as contas se enumerássemos os álbuns de boa qualidade que foram lançados originalmente por grupos dessa localidade. Mas se há algo em que o país vem se destacando atualmente é na revelação de bandas de Doom Metal – a melancolia vinda da frieza e a força por trás de uma cena bem consolidada vem fazendo a diferença. É nesse contexto que a Soliloquium surge – um duo altamente inspirado que pratica um Melodic Death/Doom com muitas influencias de post-rock e shoegaze, bastante respeitados no Velho Mundo mais ainda pouco conhecidos em países tropicais como o Brasil. O Bruxa Velha Zine tem a honra de dá-los as devidas boas-vindas para um público sedento por música sombria e melancólica.


Bruxa Velha Zine: Olá, Stefan! É uma honra entrevista-lo aqui no Bruxa Velha Zine. Fale um pouco sobre o início do Soliloquium. O público brasileiro ainda não tem muito contato com a tua história, então, quais contextos fizeram com que você desejasse tocar Doom Metal?

Stefan – Olá! Estou muito agradecido pelo teu interesse na Soliloquium, sempre legal ser entrevistado. Tudo começou como um projeto paralelo enquanto eu tocava no meu grupo de Death Metal Desolator. Eu fiz duas músicas apenas para experimentar nesse estilo, o Doom Metal. Essas músicas se tornaram o primeiro EP “When Silence Grows Venomous” (2012). No começo eu acho que apenas quis tentar fazer algo no estilo Death/Doom, desde que ouvi bastante bandas como Daylight Dies, October Tide, Katatonia dos velhos tempos e Rapture. Eu admiro esse estilo musical bastante e Soliloquium se tornou melhor do que o esperado. Os primeiros dois EPs são bem similares à bandas já famosas de Death/Doom. Hoje nós tentamos fazer uma música mais única, com um mix de influências como shoegaze, blackgaze, post-rock e música progressiva. 

Bruxa Velha Zine: "Contemplations" (2018) é o segundo álbum do Soliloquium e a evolução musical desde "An Empty Frame" (2016) é notória. Como tem sido a recepção desse trabalho ao redor do mundo? Há planos para distribuí-lo no Brasil?

Stefan – Ambos os álbuns foram recebidos muito bem. Os fãs de Doom Metal são tão apaixonados, e eu não consigo acreditar em algumas das coisas que eles comentam sobre essas músicas. O problema é que é um estilo de música limitada. É difícil encontrar sucesso em termos de popularidade, embora eu definitivamente tenha visto um sério crescimento desde que lançamos “Contemplations”. Os fãs que já conheciam Soliloquium parecem preferir “An Empty Frame” ao “Contemplations”. Infelizmente, eu não acho que vamos ter uma distribuição no Brasil. A opção vai ser solicitar o álbum pelo Facebook ou Bandcamp da Soliloquium, ou ainda pelo nosso selo (Nota: Transcendig Obscurity Records). Eu vou fazer o meu melhor para que o próximo álbum esteja o mais disponível possível para os fãs ao redor do mundo. 



Bruxa Velha Zine: Como funciona o processo de composição lírica/instrumental do Soliloquium? Como você e o Jonas buscam por inspiração?

Stefan – Isso pode ser bem díspar... costumeiramente, eu escrevo os instrumentais em casa e escrevo as letras depois. Às vezes eu invento melodias líricas antes e o tema depois. Eu coloco tudo o que tenho no Guitar Pro Tabs e no Digital Home Recordings para encontrar a quantidade certa de camadas instrumentais. Algumas músicas e riffs são rearranjadas ou descartadas no processo. Jonas costumeiramente se envolve depois que os sons estão escritos. A gente co-escreve as músicas para a Desolator, também.

Os temas para a Soliloquium tem se tornado mais e mais pessoais para mim. Muito dos novos materiais são sobre o declínio da humanidade e da sociedade, particularmente as crises de saúde mental e a exploração humana na sociedade moderna. Vivemos em tempos obscuros, então é honestamente muito fácil encontrar inspiração para a Soliloquium. Eu ponho muito das minhas próprias experiências lá. Depois de Contemplations, algumas pessoas me procuraram nas redes sociais para falar sobre os tópicos da saúde mental, então, estou bem feliz de criar esse tipo de impacto. Tem sido muito bom para a minha perspectiva, e tenho esperança de que também seja para as pessoas que me procuraram.

Bruxa Velha Zine: Stefan, fale-nos um pouco sobre a consumação musical nos dias de hoje. Aqui no Brasil há uma grande controvérsia sobre compartilhar música em plataformas de streaming e não dar prioridade ao lançamento de CDs e materiais físicos. Você acha que ainda é válido para uma banda iniciante lançar álbuns físicos ao invés de apenas colocar as músicas na internet?

Stefan – Eu escuto todas as minhas músicas digitalmente, mas eu ainda acredito que os CDs tenham sua parte. O pouco de dinheiro que eu faço com a Soliloquium é através dos downloads no Bandcamp e os CDs físicos. O Spotify nem se compara. Metal é um gênero underground e a maioria dos fãs compram muito merchandise. Eu acho que muitos fãs compram CDs para apoiar, mesmo se eles apenas escutam tudo pelas plataformas digitais. Então, eu digo sim. Bandas deveriam definitivamente lançar álbuns físicos. E não esqueçam dos outros merchandises, também!




Bruxa Velha Zine: Voltando a falar sobre Soliloquium, há alguma composição que você gostaria de recomendar a algum fã de Metal brasileiro interessado em conhecer a sua música ?
Stefan – A música « Catharsis » do nosso último álbum Contemplations é um bom início. É uma música muito imediata e intuitiva para a Soliloquium, e mostra bastante das nossas influências e sobre o quê a nossa música é.

Bruxa Velha Zine: Várias bandas suecas são apreciadas pelos Metalheads brasileiros. Grupos como Entombed, Opeth, Dismember ou In Flames são realmente populares aqui. Me diga, você conhece ou escuta algum grupo brasileiro de metal?

Stefan – Claro ! Eu encontrei uma banda de Progressive Death/Doom realmente muito boa chamada Loneshore, que eu escutei bastante. O debut deles, « From Presence to Silence » é matador e altamente recomendado. Mythological Cold Towers é outra banda de Doom Metal de qualidade do Brasil que eu gosto. E, é claro, você não pode esquecer dos quatro primeiros álbuns do Sepultura.

Bruxa Velha Zine: Quais são os seus planos para 2020 ? Vai haver outro lançamento do Soliloquium ou você irá trabalhar em algum outro projeto ?

Stefan – Oh, eu tenho muita música pra ser lançada em 2020. Haverá um novo álbum do Soliloquium a ser anunciado em breve. Desolator também tem um novo full-lenght para ser lançado. Eu também estou cantando em um projeto português de Doom Metal chamado « Ashes of Life » (o debut « Seasons Within » será lançado no início de 2020). Além disso, também pode haver album material de « Trees of Daymare », uma banda de Melodic Death Metal de Bangladesh em que eu tenho cantado. Então, sim... esse vai ser um ano ocupado !

Bruxa Velha Zine: A entrevista está chegando ao fim. Muito obrigado pela sua gentileza, Stefan ! Se sinta livre para fazer um comentário aos leitores, ou ainda dizer algo que deseje sobre a Soliloquium.
Stefan – Muito obrigado pela oportunidade e pelo interesse ! Eu gostaria de pedir aos seus leitores para apoiar a Soliloquium nos seguindo no facebook e no Bancamp, e também dar uma acessada no meu site de metal (https://deathdoom.com). Todo tipo de apoio será apreciado! Nós somos ainda uma pequena banda underground, então, ser apresentado dessa forma na América do Sul dessa forma é realmente legal para nós. 


SOLILOQUIUM É :

Stefan Nordström : Vocais e Guitarras

Jonas Bergkvist : Baixo

Contatos : 

https://www.facebook.com/SoliloquiumBand/


https://soliloquium.bandcamp.com/


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