RESENHA
EXCLUSIVA PARA O BLOG DO BRUXA VELHA ZINE
Ah,
o Bruxa Velha Fanzine está pondo no ar sua primeira resenha exclusiva para o
Blog. Momento delicado, o fanzine impresso está parado – com a pandemia e
dificuldades, a chegada do segundo número talvez possa demorar um pouco mais.
Mas isso não é motivo, nem problema para que se possa escutar sempre uma coisa
nova, um novo álbum. O Metal nunca para, é um fato, mesmo sob chuva ou sol, com
ameaça de vírus, bomba nuclear, ou seja lá o que for.
É
uma honra que o primeiro álbum resenhado nessa seção seja um lançamento tão bem
cuidado, seja no quesito gráfico, seja no quesito sonoro – e o que é mais impressionante
é que não estamos tratando de uma banda com anos de carreira. Esse disco é
apenas o debut, e é tão impressionante que faz pensar verdadeiramente no
arsenal sonoro que ainda será oferecido pelo SACRAMENTIA.
Impossível
escolher um nome melhor para uma banda de Thrash/Death metal. Pronunciado
SacramenTIA, (com ênfase na última sílaba), o nome é uma junção das palavras
SACRA (radical latino que nos indica algo ironicamente “sagrado”) e DEMENTIA
(preciso mesmo explicar o significado disto, ou das duas palavras combinadas?).
Os caras estão na estrada e começaram em silêncio, como se não quisessem nada e
não quisessem chamar a atenção. E, como um ataque destruidor e bem planejado,
os caras lançam uma verdadeira coletânea de socos na cara chamada “Prophecies
of Plague”, álbum lançado de maneira independente.
O
Bruxa Velha recebeu o disco um pouco antes da própria banda, e com as
constantes audições ao longo do tempo até a escrita dessa resenha, confirmou-se
a qualidade de produção (caprichada por Gabriel Costa Netto, guru da Merlin
Records) e o poderio sonoro devastador pertencente a esses cinco cavaleiros da
destruição death-metálica.
Não
é tarefa fácil escolher os destaques de um disco tão brutal. São 10 faixas
realmente muito boas, sem nenhum único momento fraco. Há pauladas como “Scum”
(o solo, com d-beats na bateria, é um convite ao mosh) e “Black Psalm”
(introdução que por algum motivo, me lembra demais os arranjos acústicos do
clássico do Sepultura, Desperate Cry) que te fazem querer jogar a cabeleira na
frente da cara num headbang violento, assim como há “Necrolust” (já conhecida
pelos underground bangers por ter sido lançada como single) e “Falling State of
Mind” que são verdadeiramente insanas, com riffs muito bem construídos e vocais
demoníacos do vocalista Renan Bezan, que a propósito, foi também o responsável
pela confecção de todas as letras. As quebradas de tempo mostram o quanto a
cozinha composta por Guilherme Melo (baixo) e Leonardo Michelazzo (bateria) é
técnica. As passagens acústicas (com uns efeitos que me lembram muito os
clássicos do rock gótico) mostram também grande talento por parte dos
guitarristas André Guimarães e Guilherme Mendes – os caras sabem muito mais do
que apenas ficar por aí fazendo riffs com tonalidade em Em – mal que assola
muito dos “guitarristas” de metal extremo por aí.
Por
fim, é necessário reiterar aquilo que foi dito no início da resenha – é
impressionante que esse seja apenas o debut do Sacramentia. Um álbum desses é
digno de ser lançado por uma banda com anos de carreira e muito amadurecimento
– mesmo os mínimos detalhes estão muito bem ajustados. A capa, mesmo, é uma
obra de arte. Cortesia do designer gráfico Aurélio Lara, que já trabalhou com
outros grandes nomes da cena underground nacional. Imaginem só o que a
experiência pode fazer com a sonoridade desses caras. Ficar ainda mais
trabalhada, extrema, complexa, caótica... depende do caminho pelo qual eles
irão enveredar. Acho difícil que queiram se manter numa zona de conforto –
afinal, foi o esforço que os fez admiravelmente chegarem na cena dando uma
voadora de dois pés na porta. E que tenham chegado para ficar! Hail
Sacramentia!
SACRAMENTIA É:
André Guimarães; (guitarras);
Guilherme Mendes
(guitarras);
Guilherme Melo
(baixo);
Leonardo
Michelazzo (bateria);
Renan Bezan (vocalista)
Instagram -
@sacramentia.official
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