RESENHA
EXCLUSIVA PARA O BLOG DO BRUXA VELHA ZINE
Longe de tudo... longe de todos... longe do mundo. É assim
que a maioria das pessoas, ou pelo menos, todas aquelas que se identificam com
uma contracultura ou possuem visões diferentes das impostas pelo senso comum da
sociedade já sentiram. Não é a toa que tantos movimentos urbanos, artísticos e
musicais surgem por aí desde o já longínquo século XX. “Longe de tudo” é
exatamente a tradução do nome dessa interessante one-man band que acaba de
lançar o disco aqui resenhado, intitulado ”Ao olhar para o céu eu vejo surgir
um raio de luz”. Essa frase me fez refletir sobre alguns pontos de vista,
alguns mais negativos, pessimistas, outro mais positivo, otimista. Mas foi ao
escutar as 8 músicas que percebi que não havia chances do segundo estar sendo
retratado. Edmilson, mentor da FFE, era também tecladista dos projetos Spitzer
Estelares, Fog, e Lúgubre Sonata – um homem com um interessante currículo.
Não espere por Black Metal dissonante, por gritos rasgados
nem rugidos guturais. Aqui, tudo é mais Dark Ambient/Dungeon Synth que Metal em
si. E isso é muito bom – as emoções transmitidas pela produção
(propositalmente?) de som reverberado, distante, que muito lembra as antigas
gravações de fita k-7 e é uma regra no que diz respeito aos discos clássicos de
Dungeon Synth.
É difícil transcrever em palavras essas músicas. Isso é,
cada uma delas tem uma atmosfera – elas não buscam passar mensagens, mas sim
transcender a novos ambientes, provocar a imaginação. É um tipo de música que
cria contextos, cenários, a partir do momento em que se escuta – a minha
favorita do disco e exatamente a última, intitulada de “A noite fria”, tem
melodias simples, que se arrastam ao longo dos minutos e que completam o
ambiente de uma sala escura, num dia chuvoso e privado de companhias... já outras
músicas possuem outras marcas. “O silêncio Noturno” possui algumas sonoridades
típicas de criaturas noturnas, como lobos uivando, barulhos distantes e
confusos de pianos e sinetas, graves repentinos – algo muito mais horrífico e
amedrontador que depressivo. “Sozinho caminho na noite sem destino” reúne um
pouco desses dois mundos, e a faixa título, que abre o álbum, é a única que
traz algumas guitarras distorcidas e arranjos de metal, que me lembram uma
outra entidade do Black/Folk Ambient também brasileira – Altú Págánach (se não
conhecer, vale a pena pesquisar).
Escutar um disco de Dungeon Synth/Dark Ambient é uma tarefa
verdadeiramente prazerosa pra equipe do Bruxa Velha Zine. Absorver a proposta
do Far From Everything foi fácil – aqui temos em forma de música e melodia as
representações da mente de um compositor inquieto, que traduziu suas
perturbações em 8 peças coesas, que falam por si só. Um álbum para se escutar
com atenção, com as músicas na ordem ou não, uma vez que não há uma história a
ser contada, não há uma linha tênue a ser seguida, e sim cenas, mórbidas,
depressivas, angustiantes ou heroicas a serem imaginadas a partir do
subconsciente de cada ouvinte.
FAR FROM EVERYTHING É:
EDMILSON BEZERRA – TODOS OS INSTRUMENTOS
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