quinta-feira, 3 de setembro de 2020

FAR FROM EVERYTHING - AO OLHAR PARA O CÉU EU VEJO SURGIR UM RAIO DE LUZ (2020)

 
RESENHA EXCLUSIVA PARA O BLOG DO BRUXA VELHA ZINE



 

Longe de tudo... longe de todos... longe do mundo. É assim que a maioria das pessoas, ou pelo menos, todas aquelas que se identificam com uma contracultura ou possuem visões diferentes das impostas pelo senso comum da sociedade já sentiram. Não é a toa que tantos movimentos urbanos, artísticos e musicais surgem por aí desde o já longínquo século XX. “Longe de tudo” é exatamente a tradução do nome dessa interessante one-man band que acaba de lançar o disco aqui resenhado, intitulado ”Ao olhar para o céu eu vejo surgir um raio de luz”. Essa frase me fez refletir sobre alguns pontos de vista, alguns mais negativos, pessimistas, outro mais positivo, otimista. Mas foi ao escutar as 8 músicas que percebi que não havia chances do segundo estar sendo retratado. Edmilson, mentor da FFE, era também tecladista dos projetos Spitzer Estelares, Fog, e Lúgubre Sonata – um homem com um interessante currículo.

Não espere por Black Metal dissonante, por gritos rasgados nem rugidos guturais. Aqui, tudo é mais Dark Ambient/Dungeon Synth que Metal em si. E isso é muito bom – as emoções transmitidas pela produção (propositalmente?) de som reverberado, distante, que muito lembra as antigas gravações de fita k-7 e é uma regra no que diz respeito aos discos clássicos de Dungeon Synth.



É difícil transcrever em palavras essas músicas. Isso é, cada uma delas tem uma atmosfera – elas não buscam passar mensagens, mas sim transcender a novos ambientes, provocar a imaginação. É um tipo de música que cria contextos, cenários, a partir do momento em que se escuta – a minha favorita do disco e exatamente a última, intitulada de “A noite fria”, tem melodias simples, que se arrastam ao longo dos minutos e que completam o ambiente de uma sala escura, num dia chuvoso e privado de companhias... já outras músicas possuem outras marcas. “O silêncio Noturno” possui algumas sonoridades típicas de criaturas noturnas, como lobos uivando, barulhos distantes e confusos de pianos e sinetas, graves repentinos – algo muito mais horrífico e amedrontador que depressivo. “Sozinho caminho na noite sem destino” reúne um pouco desses dois mundos, e a faixa título, que abre o álbum, é a única que traz algumas guitarras distorcidas e arranjos de metal, que me lembram uma outra entidade do Black/Folk Ambient também brasileira – Altú Págánach (se não conhecer, vale a pena pesquisar).

Escutar um disco de Dungeon Synth/Dark Ambient é uma tarefa verdadeiramente prazerosa pra equipe do Bruxa Velha Zine. Absorver a proposta do Far From Everything foi fácil – aqui temos em forma de música e melodia as representações da mente de um compositor inquieto, que traduziu suas perturbações em 8 peças coesas, que falam por si só. Um álbum para se escutar com atenção, com as músicas na ordem ou não, uma vez que não há uma história a ser contada, não há uma linha tênue a ser seguida, e sim cenas, mórbidas, depressivas, angustiantes ou heroicas a serem imaginadas a partir do subconsciente de cada ouvinte.      

 

FAR FROM EVERYTHING É:

EDMILSON BEZERRA – TODOS OS INSTRUMENTOS

YOUTUBE: https://www.youtube.com/watch?v=882PD0g4n54

https://www.youtube.com/channel/UC_JrarA7XJ0werJiljOi4BQ/videos

Twitter: https://twitter.com/FarEverything

Instagram: https://www.instagram.com/edarkambiente/

Bandcamp: https://farfromeverything.bandcamp.com/

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