RESENHA EXCLUSIVA PARA O BLOG DO BRUXA VELHA ZINE
Doom Metal, Doom Metal, Doom
Metal! É gratificante de ver mais e mais lançamentos nessa vertente sendo
lançados. Não é nenhum segredo que a música lenta, arrastada e fúnebre é
bastante apreciada pela equipe do Bruxa Velha Zine. E é uma grande honra poder
ter recebido, em primeira mão do mentor desse grandioso projeto, um presskit
exclusivo com o álbum completo e informações que serão explanadas aqui nessa
resenha.
“Alvorecer fúnebre”. O título desse projeto, criado por Thiago Albonetti (também o responsável pela máquina de Death Metal Beyond Chaos, que já esteve presente no Bruxa Velha Zine em diversas oportunidades), é provocativo, e resume perfeitamente o luto maldito que cada uma das músicas de “Inner Demons” traz. Mas se você tem contato com o Death Metal ríspido e ultra veloz que Thiago compõe em tempo recorde (o cara lançou 3 álbuns em 6 meses!), que fique claro: o Funeral Dawn não traz absolutamente NADA disso. O que temos aqui é um Doom Metal lento, macabro, com alguns riffs brutos, sim, mas que em nenhum momento lembram os ataques dissonantes do outro projeto. É tudo morbidamente belo, tocante, gélido como uma brisa descrita em qualquer poema de Lord Byron ou Baudelaire.
As influências, segundo o próprio Thiago, vieram das escutas de álbuns de
grupos consagrados, tais quais Doom VS, Draconian e os brasileiros do
Jupiterian. Com uma escola dessas, não é de se espantar a carga de peso
misturada com doses de melancolia poética. O disco abre com Let the Candle
Burn, vinheta com uma sonoridade bastante macabra que precede a música que
talvez seja o grande destaque do álbum: “My Funeral”. Um piano grosso,
misterioso, introduz uma das melodias Doom mais pesadas compostas ultimamente.
Que maneira incrível de se começar um álbum! O interlúdio com cantos
gregorianos na metade da música também vai satisfazer os amantes de atmosferas
etéreas/oníricas. Os vocais de Thiago também se apresentam mais profundos,
ecoados que nos lançamentos da Beyond Chaos.
“If I could...” prossegue com riffs agoniantes, dissonantes, e um teclado muito sombrio que lembram bastante composições tais como Symphony of the Dead, do Therion, do excelente Beyond Sanctorum, de 1992. Uma das minhas preferidas do disco – uma composição de mais de 9 minutos que passa rapidamente. E aqui vemos algumas influências mais death metálicas, que descambam sempre para a melancolia.
A faixa título “Inner Demons” e
a quinta música, “Regret of a Man” possuem as duas introduções muito dinâmicas
e os pedais duplos acompanham os riffs com as notas em terça e oitava, gerando em
cada uma delas levadas matadoras bem ao estilo das velhas hordas doom metálicas
como o Paradise Lost e o My Dying Bride em seus primeiros álbuns. E ainda
estamos somente na metade do disco, percebendo que Thiago também é um ótimo
compositor de arranjos acústicos. Impossível não se impressionar com os minutos
finais de “Inner Demons”, com uma guitarra abafada acompanhada de lindas
melodias de teclado e piano e com a impostação dos vocais de “Regret of a Man”
– um tapa na cara de quem diz que cantos guturais não conseguem passar emoções
vívidas como as exprimidas num canto limpo.
“Castle of Sorrow” e “Another
Winter Let Falls” encerram o álbum de maneira maestral. A primeira inicia com
um show de vocais gregorianos, belíssimos, e guitarras melancólicas. As progressões
de acorde são emocionantes, e ela rivaliza com “My Funeral” o título de música
mais depressiva do álbum. É de se sentir hipnotizado pelas melodias
introspectivas e a bateria que martela os ouvidos como se um tiro de pistola
estivesse sendo disparado de forma compassada. E a última é o “outro”, que
finaliza o álbum com uma melodia gélida e esperançosa, contrastante com todo o
negror funéreo que as músicas precedentes apresentam.
Ao terminar a audição, tem-se a certeza de que Thiago encontrou um ponto de
equilíbrio nas melodias lentas/atmosféricas. Seu trabalho na Beyond Chaos é
fantástico, mas “Inner Demons” mostra um lado bastante maduro desse “nômade
músical”, uma vez que ele lança várias coisas sem parar, sempre agregando novos
caminhos, novas influências. Pode ser que “Inner Demons” seja o choro de bebê e
o canto de cisne da Funeral Dawn; não dá pra ter certeza se esse excelente
projeto terá um novo lançamento, ou se Thiago fará algo novo. Mas há uma
certeza: esse lançamento está no panteão de um dos melhores discos do Doom
Metal nacional no ano de 2020 e um dos melhores que a equipe do Bruxa Velha
Zine já pôde ouvir. Selos, prestem atenção! Lancem esse material físico!!
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